sábado, 14 de maio de 2016

Contos vs. Romances

Quando comecei a escrever ficção, eu queria escrever romances. Ponto. E minha primeira obra de ficção foi um romance, "Vale sem Retorno". Que eu haja começado pelas narrativas longas vai de encontro a um clássico conselho que se dá a todo aspirante a escritor: que comece pelos contos. A principais vantagens são duas: (1) As chances de você desanimar no meio do caminho e abandonar o texto são menores. Será mais provável que você finalize um texto e sinta a satisfação de concluir um trabalho. (2) Com o texto pronto, você poderá mostrá-lo às pessoas, ouvir-lhes as opiniões, e melhorar mais rapidamente sua escrita que se passasse meses, ou mesmo anos, a se debater sozinho com o longo texto de um romance.
Não muito tempo depois de haver disponibilizado "Vale sem Retorno" na Amazon, tiveram início as inscrições para o concurso "Brasil em Prosa". E resolvi comprimir uma ideia que eu transformaria num romance regional "um dia, quem sabe" em um conto de no máximo 3000 caracteres (foram menos de mil palavras): "O Sexo dos Anjos". O resultado me agradou muito. Posso até não ter ganho o concurso, mas tive um numeroso feedback (21 reviews: para mim, um feito!) e, tão ou mais importante: muitos membros de um grupo de que eu participava também haviam se inscrito no concurso, e li muitos de seus contos, e resenhei outros tantos. Uma adormecida paixão pelas narrativas curtas despertou com força total, tanto para ler quanto para escrever.
Neste ano, até o fim de abril eu redigi oito contos, cinco deles para concursos, que devem permanecer inéditos por enquanto, mas irão para a Amazon no segundo semestre, independentemente do resultado. Quanto aos outros três, um deles ("Papangulianas") eu publiquei apenas na minha página no Facebook (por algum motivo estou sempre adiando publicá-lo na Amazon -- talvez por destoar um pouco do que costumo escrever, fico insegura em dar-lhe um ar mais oficial); o segundo ("A mãe de Schroedinger") foi publicado numa coletânea ("Todas as Mães Merecem o Paraíso", organizada por Samuel Cardeal); e o terceiro ("No Controle") nasceu por conta da terceira edição do projeto "Criadouro", da Revista Capitu, organizada por Duanne Ribeiro -- e também pode ser encontrado na Amazon.
Sinto-me realizada como contista. É uma maneira de rapidamente esvaziar a cabeça de ideias que ficam incomodando. Se tivesse que elaborar um romance para cada uma delas, não daria conta. E, se escolho e me restrinjo a uma ideia muito específica por vez, ela não seria mesmo suficiente para ocupar as páginas de um romance. Eles também são o terreno ideal para experimentações. Se o resultado não ficar muito bom, o tempo investido foi menor. Eu, por exemplo, estou brincando de não nomear os personagens. Nos meus últimos quatro contos , nenhum personagem ganhou um nome. Num romance, isso provavelmente daria menos certo: a quantidade de personagens é bem maior para que eles prescindam de nomes sem criar confusão. Além disso, tenho descoberto novos autores nacionais independentes por meio de seus contos -- é um modo rápido de saber se a escrita de determinado autor me agrada ou não.
Enfim, depois de me revigorar com os contos, acho que vou atacar um romance outra vez!

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