(Traduzido por mim -- o artigo original pode ser lindo aqui)
Finalmente sabemos quantos autores autopublicados são de fato bem sucedidos: 40. Não, isso não é um erro de digitação.
40 autores autopublicados fazem dinheiro grande; os outros, e eles são
centenas de milhares, não fazem. Esta interessante estatística, revelada
recentemente num artigo da New York Times, refere-se à Kindle Store
somente, mas sendo a Amazon a maior plataforma de publicação digital do
mundo, esses autores não devem estar se saindo melhor alhures.
Por
“fazer dinheiro”, queremos dizer ter vendido mais de um milhão de
e-books nos últimos cinco anos. Sim, 40 autores autopublicados
conseguiram o feito — conseguiram mesmo uma editora própria, caso de
Meredith Wild, sobre cuja história, também retratada no New York Times,
vale a pena se debruçar.
É uma história que revela alguns outros
detalhes sobre o atual estágio da indústria editorial: ano passado, um
terço dos 100 best-sellers da Kindle Store eram títulos autopublicados.
Talvez não haja motivo para surpresa, levando-se em conta o hábito das
editoras de colocarem preços estratosféricos nos e-books, algo entre $12
a $16 — às vezes mais!, comparados aos autopublicados, que oferecem
seus livros a um preço médio de $3 a $5. É de se perguntar por que
editoras fazem isso, chegando a cobrar mais pelo e-book que pela cópia
impressa… Talvez por temerem os livros digitais?
O mercado digital
é, sim, assustador, principalmente devido à sua dimensão: hoje há mais
de 4 milhões de títulos disponíveis na Kindle Store, comparados aos 600
mil de seis anos atrás (esses dados são todos do mesmo artigo). Ou seja,
ter seu livro descoberto tornou-se o problema número um. Como poderá
seu livro se destacar nessa multidão?
Há várias respostas
(marketing tendo um papel de destaque), mas algumas das soluções mais
inovadoras vêm justamente dos autores autopublicados mais bem sucedidos,
como a citada Meredith Wild e alguns poucos outros que seguiram (mais
ou menos) seu exemplo (Bella Andre, Barbara Freethy, H. M. Ward, C. J.
Lyons). Eles fecharam acordos com o “Ingram Content Group”, uma grande
gráfica e distruibuidora, conseguindo levar seus livros a livrarias,
grandes lojas de departamento, aeroportos, etc. Afinal, encaremos os
fatos: quando você vende muito no mercado digital, você não quer ficar
de fora do mercado de impressos: 36% dos consumidores de livros ainda
lêem exclusivamente os impressos (segundo uma pesquisa de 2015 da Codex
Group).
O que isso diz sobre o futuro dessa indústria? Segundo David Montgomery, da “Publishing Technology”:
“Não há mais um mercado de livros: há dois, que existem em paralelo. Um
continua sob o domínio das grandes casas editoriais; o segundo é quase
que exclusivamente constituído de e-books, conduzido pelo conteúdo
publicado na Amazon, vendido a preços bem abaixo daqueles cobrados pelos
editores tradicionais por seus produtos.”
Ele prevê um fosso
crescente em 2016 entre os dois mercados. Mas o sucesso de Meredith Wild
e outros sugere que uma outra coisa possa estar acontecendo: a
autopublicação pode estar adentrando em territórios antes exclusivos aos
editores tradicionais.
Hora de celebrar? Ainda não. Há um porém, e
dos grandes: apenas 40 autores autopublicados estão em condições de
transpor o fosso. Na verdade, a escrita é uma ocupação de pobres: Como a
“Publisher’s Weekly” observou num artigo do ano passado, a maioria dos
escritores ganham abaixo da linha da pobreza. Os dados são impiedosos:
Dado que uma pessoa que ganhe menos que $ 11.670,00 ao ano está abaixo
da linha da pobreza, 56% dos entrevistados estariam aí se vivessem
apenas do que ganham por sua escrita. A pesquisa ainda mostra que não
apenas muitos autores ganham pouco, mas, desde 2009, ganham ainda menos.
De modo geral, o ganho médio entre os entrevistados caiu de $10.500,00
em 2009 para $8.000,00 em 2014, uma queda de 24%.
Isso é bem abaixo da linha da pobreza! Não admira que a maioria dos escritores dependa de outras atividades para sobreviver…
Portanto, se você não consegue vender seus livros, anime-se! Você não
está só. Se está pensando em tornar-se escritor, pense de novo. Para ser
sincero, se eu pudesse recomeçar, não iria escrever livros (embora ame
contar histórias), iria para… a indústria cinematográfica! Esta é a arte
do futuro. As pessoas não leem mais livros, elas vão para o cinema,
fazem maratonas de seriados de tv, jogam videogames. E em tudo isso —
filmes, séries, jogos — bons contadores de histórias são mais
requisitados que nunca!
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