terça-feira, 17 de maio de 2016

APENAS 40 AUTORES AUTOPUBLICADOS SÃO UM SUCESSO, DIZ A AMAZON

(Traduzido por mim -- o artigo original pode ser lindo aqui)

Finalmente sabemos quantos autores autopublicados são de fato bem sucedidos: 40. Não, isso não é um erro de digitação.
40 autores autopublicados fazem dinheiro grande; os outros, e eles são centenas de milhares, não fazem. Esta interessante estatística, revelada recentemente num artigo da New York Times, refere-se à Kindle Store somente, mas sendo a Amazon a maior plataforma de publicação digital do mundo, esses autores não devem estar se saindo melhor alhures.
Por “fazer dinheiro”, queremos dizer ter vendido mais de um milhão de e-books nos últimos cinco anos. Sim, 40 autores autopublicados conseguiram o feito — conseguiram mesmo uma editora própria, caso de Meredith Wild, sobre cuja história, também retratada no New York Times, vale a pena se debruçar.
É uma história que revela alguns outros detalhes sobre o atual estágio da indústria editorial: ano passado, um terço dos 100 best-sellers da Kindle Store eram títulos autopublicados. Talvez não haja motivo para surpresa, levando-se em conta o hábito das editoras de colocarem preços estratosféricos nos e-books, algo entre $12 a $16 — às vezes mais!, comparados aos autopublicados, que oferecem seus livros a um preço médio de $3 a $5. É de se perguntar por que editoras fazem isso, chegando a cobrar mais pelo e-book que pela cópia impressa… Talvez por temerem os livros digitais?
O mercado digital é, sim, assustador, principalmente devido à sua dimensão: hoje há mais de 4 milhões de títulos disponíveis na Kindle Store, comparados aos 600 mil de seis anos atrás (esses dados são todos do mesmo artigo). Ou seja, ter seu livro descoberto tornou-se o problema número um. Como poderá seu livro se destacar nessa multidão?
Há várias respostas (marketing tendo um papel de destaque), mas algumas das soluções mais inovadoras vêm justamente dos autores autopublicados mais bem sucedidos, como a citada Meredith Wild e alguns poucos outros que seguiram (mais ou menos) seu exemplo (Bella Andre, Barbara Freethy, H. M. Ward, C. J. Lyons). Eles fecharam acordos com o “Ingram Content Group”, uma grande gráfica e distruibuidora, conseguindo levar seus livros a livrarias, grandes lojas de departamento, aeroportos, etc. Afinal, encaremos os fatos: quando você vende muito no mercado digital, você não quer ficar de fora do mercado de impressos: 36% dos consumidores de livros ainda lêem exclusivamente os impressos (segundo uma pesquisa de 2015 da Codex Group).
O que isso diz sobre o futuro dessa indústria? Segundo David Montgomery, da “Publishing Technology”:
“Não há mais um mercado de livros: há dois, que existem em paralelo. Um continua sob o domínio das grandes casas editoriais; o segundo é quase que exclusivamente constituído de e-books, conduzido pelo conteúdo publicado na Amazon, vendido a preços bem abaixo daqueles cobrados pelos editores tradicionais por seus produtos.”
Ele prevê um fosso crescente em 2016 entre os dois mercados. Mas o sucesso de Meredith Wild e outros sugere que uma outra coisa possa estar acontecendo: a autopublicação pode estar adentrando em territórios antes exclusivos aos editores tradicionais.
Hora de celebrar? Ainda não. Há um porém, e dos grandes: apenas 40 autores autopublicados estão em condições de transpor o fosso. Na verdade, a escrita é uma ocupação de pobres: Como a “Publisher’s Weekly” observou num artigo do ano passado, a maioria dos escritores ganham abaixo da linha da pobreza. Os dados são impiedosos:
Dado que uma pessoa que ganhe menos que $ 11.670,00 ao ano está abaixo da linha da pobreza, 56% dos entrevistados estariam aí se vivessem apenas do que ganham por sua escrita. A pesquisa ainda mostra que não apenas muitos autores ganham pouco, mas, desde 2009, ganham ainda menos. De modo geral, o ganho médio entre os entrevistados caiu de $10.500,00 em 2009 para $8.000,00 em 2014, uma queda de 24%.
Isso é bem abaixo da linha da pobreza! Não admira que a maioria dos escritores dependa de outras atividades para sobreviver…
Portanto, se você não consegue vender seus livros, anime-se! Você não está só. Se está pensando em tornar-se escritor, pense de novo. Para ser sincero, se eu pudesse recomeçar, não iria escrever livros (embora ame contar histórias), iria para… a indústria cinematográfica! Esta é a arte do futuro. As pessoas não leem mais livros, elas vão para o cinema, fazem maratonas de seriados de tv, jogam videogames. E em tudo isso — filmes, séries, jogos — bons contadores de histórias são mais requisitados que nunca!

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