Comecei a traduzir este texto, mas o bichinho é comprido e bateu uma
preguiça. Não sei quando continuo, mas deixo aqui para usufruírem do que
traduzi até agora (o link do texto original também segue abaixo):
***
Acho que quase todo escritor que já tenha publicado um livro recebe
e-mails ocasionais de estranhos pedindo-lhe que leia a obra-prima deles.
Se você for um escritor empregado num departamento de inglês, só piora.
Alguns desses estranhos presumem que professores de inglês são juízes
amiguinhos em algum "American Idol" literário, ansiosos para ler o
próximo candidato. Além de seu e-mail ser mais facilmente encontrado.
Geralmente tendo responder com algumas palavrinhas as mais generosas
possíveis. No entanto, algumas vezes... Como uns dias atrás. Um escritor
chamado Alan (não citarei seu sobrenome, apesar de ele ser louco por
atenção) me enviou um link para seu troço autopublicado, com um P.S.:
"Não se constranja em ignorar meu trabalho, mas esteja preparado para
pagar um preço que você nem imagina."
"Querido Alan," respondi,
tão generosamente quanto pude, "desculpe-me, mas não me lembro de onde
nos conhecemos. Por isso estou intrigado por seu P.S. Não estou
ignorando nada, mas há muito mais livros a ler do que é possível. Quando
eu estiver em dia com meus alunos, meus prazos, e os escritos de meus
amigos próximos, darei uma olhada no seu."
Alan não sossegou.
"Sua categoria profissional," ele respondeu, "tem preferido enterrar a
cabeça na areia e se recusado a reconhecer meu gênio literário/criativo
e/ou a ultrajante estupidez pedagógica que vocês todos implicitamente
apoiam. Em qualquer dos casos, saiba que você deve refletir sobre o
preço deste comportamento. Um dia as pessoas saberão que sua profissão é
ou inacreditavelmente inepta e/ou ultrajantemente desonesta. Em
qualquer dos casos, isso se traduzirá numa crise para as ciências
humanas para a qual você provavelmente não está preparado. Então, esteja
avisado. E perceba que eu continuarei a trabalhar para trazer à tona
este cenário desagradável e indesejável."
Eu sei que o certo a se
fazer num tal cenário é, claro, nada, mas eu não estava brincando
quando disse a Alan que há trabalhos de amigos com os quais preciso
ficar em dia. Então decidi conjugar minha correspondência com minhas
responsabilidades de leitura.
"Querido Alan,
"Você está me
trollando, mas morderei a isca. Presumo que você é um escritor que se
sente subestimado por professores de inglês. Saiba que não sou um
professor de inglês tradicional -- minha formação é em História
Americana. Minha "profissão", se assim pudermos chamar, é "escritor", a
mesma que a sua. Você escreve, eu escrevo. Você parece indignado por eu
não ler o seu trabalho; você não menciona se leu os meus; e não parece
dar-se conta que há mesmo outros autores, além de você -- além de mim!
-- dignos de leitura.
"Por exemplo, escritores jovens,
estudantes, para os quais não raro sou o único leitor. Você poderia
rebater, "Claro, mas esses jovenzinhos são privilegiados, podem custear
uma faculdade." Ok. Mas lê-los é o que me garante poder me custear.
Afora o bônus de ser prazeroso, em parte por tão poucos deles perceberem
a própria genialidade. Eles em geral são gratos por terem um -- único
-- leitor, mesmo às vezes lento, por procrastinar respondendo a e-mails
sem noção de desconhecidos.
"Outra categoria de escritores que
vale a pena ler: amigos. "Oh, que joinha," você poderá dizer, "uma
panelinha de escritores já bem estabelecidos." Sim. Mas nem sempre fomos
"bem estabelecidos", e, na verdade, exceto para os mais famosos ou mais
satisfeitos consigo mesmos, ser "bem estabelecido" -- publicado, às
vezes pago -- não significa que não dependamos da validação de amigos
quando atiramos um novo trabalho no abismo das palavras públicas."
(A CONTINUAR).
Daqui: http://lithub.com/when-a-self-declared-genius-asks-you-to-read-his-masterpiece/
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